quinta-feira, 30 de maio de 2013

Professora é acusada de cobrar propina para aumentar nota


A professora garante que tudo não passou de uma brincadeira, mas a proposta de aumentar a nota na prova sob pagamento de propina gerou muita polêmica


30.05.2013 | Atualizado em 30.05.2013 - 10:35
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I bribe, you bribe, we bribe, eu não fico braba e passo todo mundo. Como os alunos não aprenderam o verbo ‘To be’, a teacher de inglês de uma escola de ensino médio no interior do estado teria optado por ensinar o ‘To bribe’, verbo que os alunos entendem muito bem se traduzido ao português: quer dizer subornar.

A professora garante que tudo não passou de uma brincadeira, mas a proposta de aumentar a nota na prova sob pagamento de propina, feita em sala de aula a 30 alunos da turma B do segundo ano do Colégio Estadual Maximino Martins, no distrito de Salobro, do município de Canarana, no centro-norte do estado, gerou muita polêmica.


Estudantes estão em greve desde terça-feira e prometem só voltar às aulas após demissão da professora

O episódio aconteceu há cerca de um mês, mas só veio à tona há uma semana, quando um grupo de alunos expôs o caso numa reunião de pais, alunos e professores – inclusive com a participação de Janaína Piva, professora contratada pelo Regime Especial de Direito Administrativo (Reda).

O estudante Yan Douglas Anjos de Andrade, 16 anos, contou que, na entrega das notas de uma prova, a turma constatou que o único colega a tirar nota acima da média fazia curso de inglês no turno oposto. Yan, então, comentou, em voz alta: “O jeito vai ser pagar o senhor Wilson (dono de um curso de inglês na cidade) para conseguir passar em inglês”.

Ao que a professora rebateu com a proposta indecorosa: “Pagar curso de inglês pra quê? Comigo aqui é só ter o dinheiro na mão que eu dou a nota”. “Todo mundo ficou indignado, olhando pra ela. Ela ficou sem graça, saiu da sala e a turma começou a comentar”, recorda o estudante.

Bruna Souza Novaes, 16, explicou que a turma preferiu esperar para fazer a denúncia para que fosse na frente dos pais e diretores. “Se fosse somente com ela, poderíamos ser ameaçados. Tudo pra ela é processar, fica dizendo que tem um grande advogado, tenta intimidar”, disse.

Segundo Bruna, a justificativa utilizada pela professora, na hora da reunião, foi a de que não falou sério. “Ela disse que era uma brincadeira, mas no dia falou com a maior sinceridade do mundo”, disse a estudante.

Cobrança
A polêmica serviu para que estudantes de outras turmas e professores se levantassem contra Janaína, sob a alegação de que cobra em provas com excesso de rigor – ela teria reprovado 90% dos alunos do segundo ano. “Ela quer que a gente aprenda tudo de uma vez só”, disse Yan Douglas.

“Antes da prova, ela disse que ninguém ia tirar nota alta. Disse ‘Pode fazer em dupla que ninguém vai passar’”, relatou Natália Sena Santana de Lima, 16. “Na prova, ela pediu que os alunos escrevessem um texto todo em inglês. Uma redação com 15 linhas. Nessa mesma prova, os alunos teriam que escrever ainda de um a mil em inglês. A maioria dos alunos é da zona rural e mais 400 deles estudam o ensino médio”, disse uma professora que não quis se identificar.

O estudante Yan Douglas conta que Janaína Piva ganhou a antipatia dos demais professores ao ter dito, aos alunos, que os outros professores daquela escola eram incapacitados. “Ela humilhou os professores, dizendo que muito deles não têm qualificação”.

Protesto
Desde a terça-feira, os alunos do segundo ano não assistem mais aula. Estão em greve pela saída de Janaína Piva. Além da paralisação, fixaram cartazes nas paredes do colégio com dizeres “Como você pode falar dos problemas se o maior problema é você?”, “Fora Janaína”, “Get out Janaína now” - que em português quer dizer “Saia Janaína agora”.

A diretora do colégio, Armanda Andrade, falou sobre o assunto. “Estou tratando este caso com a Direc (Diretoria Regional de Educação), mas ainda estou no processo de investigação”, limitou-se a dizer. A Secretaria da Educação confirmou que a Direc de Irecê apura o caso. Segundo a Secretaria, depois de ouvir as partes, será elaborado um relatório que será encaminhado a outros órgãos, caso seja comprovada a irregularidade.

‘Foi uma brincadeira com os alunos’, diz professora
Em sua defesa, a professora Janaína Piva negou ter cobrado dinheiro por nota. “Foi uma brincadeira com os alunos. Para se ter uma ideia, às vezes peço pra chamar a diretora e um deles responde: ‘só com meio ponto’. É o hábito que eles têm, mas nunca receberam nada em troca de favores”, justificou-se.


De camisa vermelha e pasta azul, à direita, Janaína reclamou do nível dos alunos e professores do interior

Segundo Janaína, os protestos são de um grupo de alunos que tem dificuldade na matéria. “Este ano entraram muitos alunos novos e alguns estavam acostumados com o verbo to be o ano inteiro, uma coisa fácil, e quando tiveram um contato mais intenso com a matéria se chocaram”, disse.

Ela reclamou da deficiência de aprendizado dos alunos nas salas de aula. “Estamos numa cidade do interior, onde muitos pensam em trabalhar em mercearia ou casar e ter filhos. São poucos aqueles que pensam em continuar os estudos”.

Sobre o protesto de colegas, a professora disparou: “Eles não gostaram quando eu disse que a qualificação dos professores é algo importante para o aprendizado dos alunos”, alfinetou. Janaína negou ter aplicado provas difíceis: “Eu cobro apenas o que ensino”.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Orgia na Unesp

Expulsão de 6 alunos após orgia gera manifestação na Unesp Araraquara

Estudantes bloquearam corredores, escadarias e salas nesta terça-feira.
Eles querem mudar hierarquia e pedem melhorias em refeitório e moradia.

Do G1 São Carlos e Araraquara
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Manifestantes colocam cadeiras como obstáculo, para impedir acesso às salas de aula na Unesp de Araraquara (Foto: Rafael Alberici/G1)Manifestantes colocam cadeiras  para impedir acesso às salas de aula na Unesp (Foto: Rafael Alberici/G1)
Corredores, escadarias e as portas das salas da Unesp Araraquara (SP) foram bloqueadas com cadeiras, nesta terça-feira (14), em um protesto de estudantes. Os alunos também estão acampados no campus exigindo mudança de hierarquia nas decisões da universidade e melhorias na infraestrutura do restaurante universitário, moradia, além de ajuda de custo. A paralisação foi desencadeada após expulsão de seis alunos, no início deste ano, que participaram de uma orgia dentro do alojamento do campus. Os estudantes consideraram a medida abusiva.
O bloqueio das salas, que está previsto para acontecer até esta quinta-feira (16), afeta os cerca de 4 mil alunos do campus. Em nota, a Unesp informou que os estudantes foram expulsos no início deste ano por determinação de uma comissão de sindicância aberta pela universidade. Eles teriam desrespeitado as regras de convivência da moradia estudantil, após fazerem sexo grupal em uma festa dentro do alojamento, em agosto de 2012.  A denúncia foi feita por carta à diretoria da Unesp por dois estudantes que também moram no local.
"A expulsão foi o primeiro motivo para a se realizar a ocupação, junto com as outras pautas, por considerar que a medida da direção foi autoritária. Ela foi motivada por uma carta de duas pessoas, mas em uma assembleia 77 moradores votaram contra essas expulsões. Dois deles foram punidos sem direito a defesa e o processo foi feito de forma irregular, teve um caráter pessoal", disse o estudante de letras Ricardo Polimante, um dos organizadores da paralisação.
Estudante de letras da Unesp Araraquara explica motivos da paralisação em Araraquara (Foto: Wilson Aiello/EPTV)Estudante de letras da Unesp Araraquara explica
motivos da paralisação (Foto: Wilson Aiello/EPTV)
Reivindicações
Os manifestantes pedem a mudança de hierarquia nas decisões da universidade. Segundo eles, o voto dos professores têm um peso de 70% e alunos e funcionários apenas 15%. “Esse é um modelo que vem desde a ditadura militar e é mantido até hoje. Isso faz com que vários pontos de revindicações dos estudantes e dos funcionários não sejam atendidos, jê que eles não têm um poder de decisão efetivo”, disse Polimante.
Segundo Polimante, a proposta para a greve foi feita no Conselho de Entidades Estudantis da Unesp (CEEU), que ocorreu há duas semanas. “Existem outros três campus em greve nesse momento, o de Ourinhos, Marília e Assis. O Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade de Campinas (Unicamp) também paralisou em solidariedade às pautas da Unesp”, explicou.
Cartaz protesta contra expulsão de alunos que fizeram orgia na Unesp em Araraquara (Foto: Reprodução/EPTV)Cartaz protesta contra expulsão de alunos que
fizeram orgia na Unesp (Foto: Reprodução/EPTV)
Para os manifestantes, a expulsão dos estudante não é o principal motivo para a paralisação. Eles cobram melhorias na infraestrutura do restaurante universitário, nas moradias e reclamam da dificuldade para conseguir ajuda de custo, como bolsas. “É justo que seja averiguado, mas que não distorça o que está acontecendo como se fosse por uma orgia ou ato sexual, pois não é. É um problema sério, de educação, que esta pautada por vários problemas no Estado de São Paulo. Então é esse o intuito do que está acontecendo, da paralisação, que foi tirado em assembleia geral. É por melhorias e benefícios, para não prejudicar mais a educação, pois sabemos de vários problemas, como a greve dos professores em São Paulo”, disse Maiara.
Pimesp
Os estudantes também pedem o fim do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), projeto do governo estadual que visa aumentar a inclusão destinando 50% das vagas aos cotistas. Os universitários do sistema de cotas precisam passar por um curso de dois anos antes da graduação. Após os dois anos, o estudante pode ingressar nas graduações presenciais sem realização de vestibulares.
De acordo com os manifestantes, o curso não atende à política de cotas raciais e sociais. A Unesp informou que o curso ainda está sendo analisado. "A ideia é prolongar o prazo para o acesso desses estudantes, considerando que eles não tem capacidade intelectual para entrar na universidade assim que saem da escola", afirmou Polimante.
Estudante Carlos Henrique se sente prejudicado com paralisação na Unesp Araraquara (Foto: Wilson Aiello/EPTV)Estudante Carlos Henrique se sente prejudicado
com paralisação (Foto: Wilson Aiello/EPTV)
Contra o movimento
O estudante de ciências sociais Carlos Henrique Lemos da Silva disse que os manifestantes trouxeram outros problemas para a pauta de reivindicações para ter maior adesão ao movimento. "São problemas que tem que ser discutidos, mas não dessa maneira. A maioria quer estudar, no entanto, o pessoal impediu isso. A causa da manifestação se baseia unicamente na questão da expulsão por causa do sexo grupal. Temos provas, trabalhos e essa minoria nos impede de estudar e promove essa desordem", reclamou.
Outro grupo de estudantes organizou um movimento chamado de 'Reação'. Eles são contra a paralisação, pois acreditam que ela não deve ser feita dessa forma. Segundo o estudante de ciências econômicas Bruno Teixeira Sousa Barbosa, que é líder do movimento, a manifestação deve respeitar o direito dos alunos de assistir as aulas e ter as atividades acadêmicas. “Queremos que seja sem impedimento. Não dessa forma que esta sendo feita, via “cadeiraço”. Pois é contraditório fazer um protesto questionando a legitimidade e a autoridade das pessoas, impondo outras coisas a elas. Impondo propriamente uma restrição ao direito delas de ir e vir e assistir as aulas”, explicou Barbosa.
Unesp
Em nota, a assessoria de imprensa da Unesp informou que, durante a sindicância que apurou as condutas na moradia, os alunos, acompanhados do advogado, tiveram asseguradas ampla defesa e participação em todas as fases do processo e não houve pedido de recurso.
Sobre a manifestação, a direção da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp informou que entende que ela é legítima e faz parte do processo democrático. "No entanto, aponta a necessidade de que seja assegurada a integridade do patrimônio público e o direito de todos os estudantes expressarem seus pontos de vista, mesmo quando contrários à forma como estão sendo conduzidas as manifestações", informou um trecho da nota.
A universidade informou ainda que tenta uma negociação para que os manifestantes respeitem o direito dos alunos que querem assistir às aulas.
O diretor da faculdade, Arnaldo Cortina, disse que que não haverá mudança da hierarquia. Sobre o Pimesp, afirmou que a universidade está estudando a aplicação do programa e a manifestação é precipitada, já que os alunos poderão participar de um debate sobre o assunto. Já sobre o restaurante universitário, disse que o local precisa de melhorias e elas devem ser feitas ainda neste ano.
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Paralisação impede a entrada de estudantes nas salas de aula na Unesp de Araraquara (Foto: Rafael Alberici/G1)Paralisação impede a entrada de estudantes nas salas de aula na Unesp (Foto: Rafael Alberici/G1)

sábado, 4 de maio de 2013

Negros Loiros

Pesquisadores visitam país da Oceania onde negros têm cabelos naturalmente loiros

Foto: Divulgação / Sean Myles
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Pesquisadores das universidades de Stanford, de Bristol, da UC San Francisco e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária acabam de publicar um relatório na revista Science com uma conclusão, no mínimo, surpreendente: o cabelo loiro de alguns habitantes da Melanésia, na Oceania, é uma variação natural. Antes, os cientistas acreditavam que tal fenômeno se dava por algum fator externo, como exposição ao sol ou uma dieta rica em peixe, comum na região.
Foto: Divulgação / Sean Myles

O grupo recolheu saliva e pigmentação do cabelo de 1000 moradores das Ilhas Salomão. O material comprovou que a variação é nativa, sendo, portanto, diferente da que é responsável pelo cabelo loiro do norte europeu. Os resultados atraíram a curiosidade de diversos membros da comunidade acadêmica. Um dos pesquisadores envolvidos no estudo, Sean Myles explica que o gene TYRP1 é exclusivo aos melanésios.
“Cabelos loiros, portanto, surgiram pelo menos duas vezes durante a evolução humana: uma vez nos ancestrais europeus e outra vez no extremo oposto da terra, nos ancestrais melanésios. Isso representa um fascinante exemplo de evolução convergente: quando o mesmo resultado (cabelo loiro) é realizado por diferentes meios (variantes genéticas independentes)", frisa o professor da Dalhousie University.
Foto: Divulgação / Sean Myles

Resultados teriam impacto na saúde global
Ainda de acordo Myles, em um texto publicado no blog dele nesta sexta-feira, tal descoberta amplia a área de atuação da pesquisa genômica médica - que, segundo ele, concentra-se quase que exclusivamente sobre as populações de origem europeia.
"Gastamos bilhões de dólares em busca de genes subjacentes a determinadas doenças em uma pequena fração da diversidade humana, que se concentra em países ricos. Variações, como a encontrada na Melanésia, provavelmente existem em todo mundo, em populações sub-representadas. E isso não afeta apenas a pigmentação do cabelo, mas também em traços relacionados a doenças. Num futuro da medicina personalizada, onde os médicos irão analisar as sequências genéticas dos pacientes para criar drogas sob medida, os indivíduos de origem europeia seriam mais beneficiados" acredita o pesquisador.
Foto: Divulgação / Sean Myles

Foto: Divulgação / Sean Myles

Foto: Divulgação / Sean Myles



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